Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento
Pelotas, 18/11/1950 - Rio de Janeiro, 2/6/2002
Gravação de última cena encanta irmão de Tim Lopes.
Durante o fim de semana, Miro Lopes, irmão de Tim Lopes, jornalista morto no ano passado, esteve em Erechim. Depois de conhecer a cidade, visitar veículos de comunicação e participar de uma mesa-redonda sobre violência, ele acompanhou a gravação da última cena do filme “Sonho de Liberdade”, que retrata o trabalho do irmão Tim.
Surpreso com a beleza, tranqüilidade e qualidade de vida de Erechim, Miro disse que ela faz jus ao slogan de Capital da Amizade. Os crimes que aconteceram nestes últimos dias na cidade também surpreenderam o jornalista. “Eles comprovam a visão que tenho, ou seja, o crime não é visível, principalmente o organizado, porque como são crimes profissionais eles não chegam às pessoas. Por isso, o crime cometido com o Tim e com qualquer jornalista é para calar a imprensa, não tem como não ser porque no caso, ele era uma referência em função de ter feito uma matéria mostrando uma atividade criminosa”, esclarece.
Ao sinalizar que Erechim o recebeu bem, transmitiu carinho e segurança, Miro Lopes afirma que a homenagem, prestada através do filme “Sonho de Liberdade”, ao Tim Lopes, encerra um ciclo que dá satisfação à família.
“É a primeira homenagem que o Rio Grande do Sul faz ao Tim e esta manifestação é mais interna e emocionante. Isso nos dá paz, tranqüilidade e alento para todo esse sofrimento. Com certeza, minha mãe, minha família e a família do Tim, vão sentir da mesma forma porque sabemos o que isso representa”, declara. No sábado, Miro Lopes acompanhou a gravação da última cena do filme, que aconteceu no Aeroclube de Erechim envolvendo 500 crianças e mobilizando mais de 700 pessoas.
“Apesar do filme retratar uma violência, situação que está sendo muito bem cuidada pelo cineasta Osnei de Lima, que tem a sensibilidade profissional para tanto, fiquei maravilhado com a última cena. O que me chamou a atenção e me fez vir a Erechim foi o fato do diretor mobilizar 500 crianças para fazer uma cena para um super 8.
Para quem conhece trabalhos cinematográficos, um filme de super 8 reunir 500 crianças é coisa de super produção”, ressalta, garantindo que no Brasil ninguém fez isso nem em 16, nem em 35 mm. A atitude, segundo o jornalista, sensibiliza e demonstra que as pessoas não estão acomodadas, mas sim reagindo.
“Uma matéria, uma entrevista na rádio, um filme, são formas de mostrar as mazelas da sociedade e combater a violência dando subsídios ao governo (autoridade) para se organizar e dar um basta nestas coisas todas”, avalia.
Conforme o diretor do filme, Osnei de Lima, a primeira fase, que é de captação de imagens, foi concluída. Agora a equipe se atém à revelação dos últimos rolos, edição de imagens, produção da trilha sonora e colocação da banda sonora.
A previsão é de que “Sonho de Liberdade” seja lançado oficialmente no final de maio.